SÃndrome de Estocolmo no relacionamento
- Ana Carolina Mainetti
- 10 de set. de 2024
- 5 min de leitura
Atualizado: 5 de abr.

O que é a SÃndrome de Estocolmo no relacionamento amoroso?
A SÃndrome de Estocolmo é um fenômeno psicológico complexo que pode se manifestar no relacionamento amoroso, no qual a vÃtima, exposta a um padrão de abuso prolongado, desenvolve um vÃnculo emocional paradoxal com o agressor, caracterizado por sentimentos de simpatia, lealdade e até mesmo amor.
SÃndrome de Estocolmo: origem
A SÃndrome de Estocolmo é uma condição psicológica que foi descrita pelo psiquiatra Nils Bejerot, a partir de um assalto a banco que durou 6 dias na cidade de Estocolmo, na Suécia, em 1973. Pessoas foram tidas como reféns pelos assaltantes e desenvolveram uma resposta emocional inesperada de afeição e até gratidão pelos criminosos.
Quando as vÃtimas foram libertadas, nenhuma testemunhou contra os sequestradores no tribunal. Em vez disso, arrecadaram dinheiro para pagar a defesa dos assaltantes. O filme "Estocolmo" e a série "Clark" são baseadas neste acontecimento.
A SÃndrome de Estocolmo, portanto, é uma sequela psicológica do trauma, levando uma vÃtima a se apegar emocionalmente ao seu agressor durante um relacionamento interpessoal ocorrido em situações de: sequestro, cativeiro e relações abusivas de qualquer natureza.
Essa dinâmica, profundamente enraizada no instinto de sobrevivência, é alimentada por diversos fatores. A dependência total do opressor, a falta de controle sobre a própria vida e a exposição a situações extremas de estresse podem levar a vÃtima a interpretar qualquer gesto de bondade, por mais mÃnimo que seja, como um ato de compaixão. Esse apego paradoxal pode levar a vÃtima a defender o agressor e a resistir a qualquer tentativa de resgate.
É comum que os reféns desenvolvam uma dependência emocional do agressor, vendo-o como uma figura protetora. Essa dinâmica, similar à de uma criança com sua mãe, surge da necessidade de segurança em um contexto de ameaça. Além disso, a sensação de desamparo intensifica o vÃnculo com o agressor, que se apresenta como a única pessoa confiável e presente na vida da vÃtima. Essa dinâmica é manipulada pelo agressor, que isola a vÃtima e a faz acreditar que ele é a única pessoa que se importa com ela. A vÃtima, fragilizada e dependente, acaba se submetendo ao agressor, vendo-o como um salvador.
SÃndrome de Estocolmo no relacionamento: caracterÃsticas
A SÃndrome de Estocolmo no relacionamento amoroso causa um profundo impacto emocional na vÃtima, que passa a negar a realidade da violência e a desenvolver um vÃnculo patológico com o agressor. Para sobreviver, a vÃtima passa a enxergar o mundo sob a perspectiva do abusador, adaptando seu comportamento para evitar conflitos e garantir sua segurança.
A SÃndrome de Estocolmo causa uma distorção da percepção, levando a vÃtima a culpar-se pela situação abusiva e a acreditar que não pode viver sem o agressor. A consequência é um sentimento de aprisionamento e a dificuldade em romper o ciclo de violência. Sensação de FOG: medo, obrigação e culpa, são praticamente permanentes.
A SÃndrome de Estocolmo no relacionamento amoroso costuma ter as seguintes caracterÃsticas:
Ciclo de abuso: Em meio a perÃodos de violência, o parceiro abusivo promove momentos neutros ou de atenção. A vÃtima tende a interpretar isto como amor ou empatia e permanece no relacionamento.
DesequilÃbrio de poder: O parceiro agressor exerce controle sobre a pessoa oprimida. Ela se torna refém, perdendo o poder sobre sua própria vida e submetendo-se à vontade dele.
Mecanismos de defesa: Diante de uma situação tão traumática, a mente da vÃtima busca formas de se proteger da dor emocional. Pode desenvolver mecanismos de defesa como a negação da violência, a idealização do agressor e a racionalização das atitudes dele.
Violência psicológica: O parceiro utiliza táticas manipuladoras para minar a autoestima da vÃtima e fazê-la questionar sua própria percepção da realidade. Práticas como gaslighting e DARVO contribuem para a confusão.
Sinais da SÃndrome de Estocolmo em relacionamentos
Defesa do agressor: A vÃtima frequentemente justifica as ações do agressor ou as minimiza.
Negação da violência: A vÃtima pode negar a existência do abuso ou culpar-se por ele.
Isolamento social: A vÃtima tende a se isolar socialmente, dificultando a busca por ajuda.
Medo de abandono: A vÃtima teme as consequências de deixar o relacionamento, como a solidão, insegurança e dependência.
Diagnóstico da SÃndrome de Estocolmo
A SÃndrome de Estocolmo, embora seja um fenômeno amplamente discutido, não consta como diagnóstico no Manual Diagnóstico e EstatÃstico de Transtornos Mentais (DSM-5). No entanto, os profissionais de saúde mental podem oferecer tratamento para os sintomas associados a essa experiência, como os do Transtorno de Estresse Agudo e do
É relativamente frequente que as vÃtimas apresentem quadros como Depressão, Ansiedade, Pânico, Transtorno da Personalidade Dependente, TEPT de relacionamento, Distimia, Transtorno de Ansiedade de Separação e Transtorno Psicótico. Também costumam ter comportamento de Fowning e a relação pode ter caracterÃsticas de Folie à Deux amorosa.
Os agressores, geralmente, apresentam Transtorno da Personalidade Antissocial, Transtorno da Personalidade Narcisista, Transtorno de Oposição Desafiante TOD, Transtorno Explosivo Intermitente, Transtorno Disruptivo da Desregulação do Humor, Transtorno Psicótico e Transtorno da Personalidade Borderline.
A SÃndrome de Estocolmo e os crimes passionais
A SÃndrome de Estocolmo revela a complexidade dos relacionamentos abusivos, desvendando os mecanismos psicológicos que levam vÃtimas a desenvolverem vÃnculos emocionais com seus agressores.Â
Desmistifica a noção comum de que pessoas em situações de violência são passivas ou cúmplices de seus próprios sofrimentos. Também demonstra que problemas no relacionamentos amorosos podem se tornar muito mais graves do que pareciam originalmente.
A romantização de crimes passionais e a atribuição de parcela da culpa à s vÃtimas perpetuam um ciclo de violência e impedem que as pessoas oprimidas busquem ajuda. A culpa pela violência no relacionamento amoroso pertence integralmente ao agressor. A lei não considera a paixão uma justificativa para o crime.
É crucial compreender que a paixão não justifica a violência e que o amor verdadeiro não causa sofrimento.
Tratamento da SÃndrome de Estocolmo no relacionamento
O tratamento da SÃndrome de Estocolmo no relacionamento demanda um processo terapêutico de longo prazo, focado em ajudar a vÃtima a reconhecer a natureza abusiva da relação, reconstruir sua autoestima e desenvolver habilidades para lidar com as sequelas emocionais e psicológicas, como o trauma e a dependência emocional.
É relativamente comum que a vÃtima já tenha vivido Trauma Bonding em outras relações, seja na famÃlia, nas amizades ou na vida profissional. Por isso é importante abranger os demais vÃnculos traumáticos durante a psicoterapia para um tratamento mais completo.
Como eu posso ajudar
Posso ajudar você, que se identificou com a SÃndrome de Estocolmo, a tratar as sequelas psicológicas desta vivência traumática através da psicoterapia online.
Acredito na importância de adaptar o tratamento às necessidades de cada paciente. Por isso, como psicóloga, trabalho com diferentes abordagens terapêuticas, como: Psicanálise, Terapia Sistêmica, Terapia do Esquema e Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). A combinação dessas ferramentas com a perspectiva do Cuidado Informado sobre Trauma, permite oferecer um atendimento mais completo e eficaz!
Com empatia e acolhimento, trabalharemos juntos para que você alcance uma vida mais livre, plena e feliz!Â
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Psicóloga Ana Carolina Mainetti
CRP 08/17342