Comer emocional
- Ana Carolina Mainetti
- 23 de jun.
- 4 min de leitura
O que é o “comer emocional”?
Em dias difíceis, ter vontade aumentada de comer certos alimentos, ficar buscando algo para comer mesmo sem fome e encontrar na comida certo alívio: isso é o comer emocional, também chamado de “fome emocional”. “Eu como por ansiedade” é outra frase comum expressada por pessoas que apresentam o comer emocional.
A questão central do comer emocional não reside nos alimentos em si, mas sim na maneira como se lida com as emoções. A comida assume o papel de um regulador emocional, uma espécie de cura de curto prazo para sentimentos e emoções desconfortáveis.
Ansiedade, tristeza, angústia, raiva, frustração, tédio, vazio interior, cansaço, desesperança, solidão e estresse podem levar a comer por impulso, consciente ou inconscientemente. Mas essas emoções retornam com o fardo adicional da culpa por ter comido demais, criando um ciclo vicioso de comer ainda mais para atenuar esse mal-estar.
5 causas do Comer Emocional
Associação da comida com conforto: associar a comida não apenas à nutrição, mas também a momentos de alegria, celebração e, principalmente, como um consolo em tempos de dificuldade.
Recompensa: após um período difícil, de esforço, privação ou sacrifício, buscar por comida como um "presente", pensando: "Eu mereço".
Distração: comer pode se tornar uma maneira de desviar a atenção dos problemas, oferecendo um escape temporário da realidade emocional.
Prazer químico: certos alimentos estimulam a liberação de neurotransmissores no cérebro que estão associados à sensação de prazer e bem-estar.
Alexitimia: Algumas pessoas possuem dificuldade em identificar sentimentos e podem, de fato, confundir emoções com a sensação de fome.
Comer emocional: muito além da fome
É comum que nos momentos do comer emocional a preferência recaia sobre a comida reconfortante, comida afetiva ou "comfort food”, pois não é a fome que está sendo saciada. São alimentos buscados pela sensação de bem-estar psicológico e prazer que proporcionam.
Fortemente ligados ao passado, alimentos nostálgicos evocam memórias de momentos significativos da vida, como a infância, o cuidado de alguém querido, a terra natal, reuniões familiares, e a sensação de proteção.
As características físicas e químicas de certos alimentos, como sua composição, aroma, temperatura e textura, proporcionam bem-estar físico e emocional. Incluem alimentos mornos, macios, crocantes, doces, cremosos, gelados, gordurosos e até mesmo psicoativos.
O prazer de comer é priorizado em relação aos aspectos nutricionais. São alimentos altamente palatáveis que proporcionam uma experiência de consumo intensa e prazerosa.
Também podem ser preferidos alimentos práticos e fáceis de preparar ou consumir, geralmente industrializados, amplamente disponíveis ou entregues por delivery, para alcance rápido da sensação de aconchego.
Infelizmente, não é a fome física que se busca saciar nessas horas, mas a fome emocional. Mas como o apaziguamento das emoções é temporário, cria-se uma distância do autoconhecimento e da regulação emocional. A falta de ferramentas saudáveis para lidar com os aspectos emocionais intensifica a dependência do alimento, perpetuando o ciclo do comer emocional.
Consequências do Comer Emocional
Culpa: Arrependimento e pensamentos autodepreciativos.
Vergonha: Constrangimento pelo comer emocional e dificuldade em admitir o problema alimentar.
Sobrepeso ou obesidade: O comer emocional é um fator de risco direto para o ganho de peso e doenças desencadeadas por ele.
Baixa autoestima: Sentimentos negativos em relação à imagem corporal podem afetar a confiança e as interações sociais.
Desconforto físico e letargia: O desconforto físico após comer em excesso pode gerar enjoo, inchaço e falta de energia.
Compulsão alimentar: Comer grandes quantidades de alimento de uma vez sem controle leva ao transtorno de compulsão alimentar.
Bulimia: O comer emocional pode desencadear comportamentos compensatórios inadequados.
Depressão: A dificuldade em lidar com as emoções e a frustração pelas consequências do comer emocional podem deprimir.
Fatorexia: Ocorre quando a pessoa com excesso de peso nega sua condição devido a uma distorção da autoimagem corporal.
Vício em comida: O comportamento alimentar modificado para satisfazer os desejos intensos por comida, pode levar a comportamentos compulsivos e mecanismos de recompensa viciantes.
Transtorno Dismórfico Corporal: O excesso de peso do comer emocional pode desencadear uma preocupação excessiva com a aparência.
Comer emocional: como tratar
A maneira mais efetiva de tratar o comer emocional é a psicoterapia, recebendo ajuda para compreender as emoções desconfortáveis e para construir uma relação mais saudável com a comida. Objetivos da terapia para o comer emocional podem incluir:
Desvendar a raiz psicológica do comer emocional;
Reconhecer e validar as emoções angustiantes;
Desenvolver uma relação psicologicamente saudável com a comida;
Aprimorar habilidades de enfrentamento dos fatores estressores;
Fazer uma reestruturação cognitiva sobre o nutrir-se;
Identificar traumas;
Explorar o histórico familiar e social;
Compreender os obstáculos para uma alimentação saudável;
Abordar questões de saúde mental ou problemas de relacionamento que possam estar contribuindo para o comer emocional.
O Instituto Federal do Espírito Santo desenvolveu uma cartilha para orientar as pessoas sobre alimentação consciente para evitar o comer emocional, com recomendações elaboradas por nutricionista.
Como eu posso ajudar
Através da psicoterapia individual, vou propiciar um espaço de escuta para que o seu comer emocional possa ser compreendido. Expressar suas emoções te ajudará a identificar as causas e você poderá adquirir maneiras novas mais apropriadas para lidar com elas em vez de recorrer à comida.
Se você se identificou com este artigo e precisa de ajuda para lidar com o comer emocional, eu posso te ajudar com terapia online.
Como agendar
O agendamento das sessões é eletrônico no meu consultório virtual que fica na plataforma de terapia online Zenklub. A minha agenda aparece com todos os horários disponíveis e no seu fuso-horário local. Você pode realizar suas sessões pelo site no computador ou pelo app no seu celular. Caso precise, há um passo a passo de como agendar no meu site.

Psicóloga Ana Carolina Mainetti
